29 de novembro de 2010

PARTE 2: A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DAS TÉCNICAS DE MANUSEIO DOS DIFERENTES TIPOS DE PINCÉIS NA PINTURA ARTÍSTICA

1.       Sobre o Pincel

1.1.    A História do Pincel:  A Criação e Evolução da Ferramenta Pincel

Pouco se sabe sobre a origem do pincel, alguns relatos indicam que surgiu no século XV na Europa, quando é mencionado um tipo de pincel “pituá” com pelos macios de animais e no tamanho da palma da mão do pintor. Outros tamanhos foram desenvolvidos com formato redondo e pelos nas pontas. Outras versões citam o surgimento na China aproximadamente em 200 A.C. utilizando-se cabo de bambu e pelos de animais.Durante a era paleolitica a pintura rupestre exigiu o uso de algum tipo de ferramenta. Segundo a história utilizou-se um pedaço de carvão e como fixador a gordura animal. As tintas eram feitas de corantes naturais, como a terra, carvão vegetal, óxido de ferro, cal branca e ossos queimados de animais.Os instrumentos eram diversos, como: dedos, penas de aves, gravetos com pelo ou musgo nas pontas. Como as superfícies não eram preparadas, suas imperfeições acabavam auxiliando na expressão das formas.Os Paleoantropologistas Arzuaga e Carbionell, diretores do assentamento Atapuerca em Burgos, Espanha, nos diz em seu livro, que a transformação anatômica das mãos dos primeiros primatas, que foram forçados a descer das árvores e se transformaram nos primeiros hominideos, foi o fator chave no aparecimento do homo sapiens.Por esta razão, o homem primitivo que viveu em Altamira, Caus e nas cavernas de Lascaux, no período Magdalênio do paleolítico superior, aproximadamente 15.000 anos atrás, decorou suas paredes. Nesta época viviam nossos ancestrais, numa luta contra bisões, renas e outros grandes animais. Habitavam em cavernas ou copas de árvores e utilizavam instrumentos de pedra lascada para caçar e garantir o que comer e vestir.Foi neste cenário que começou a história da arte, feita de cores, formas e muita imaginação. São as chamadas pinturas rupestres. Os artistas desta época não imaginavam que suas imagens chegariam às enciclopédias do mundo todo. Para isto utilizavam os dedos e as mãos ou pedaços de galhos de árvores para dar forma a bisões, touros e outros animais de grande porte.Posteriormente também se utilizaram de penas e pêlos de animais, provavelmente muito rudimentar, mesmo assim pincel.Ao representar o universo em que viviam, produziram arte na sua forma mais pura, oferecendo uma interpretação do mundo.Possuíam excelente noção dos elementos básicos da pintura, como linha, volume, cor, textura e espaço, mas não separavam muito a imagem da realidade. As pinturas tinham um caráter ritualístico muito forte, e certamente representavam os animais visando serem bem sucedidos na caça.Sobre o pincel como o conhecemos hoje, pouco se sabe sobre a fabricação que deu origem ao primeiro exemplar de pincel. Neste sentido podemos citar o "Pincel de Toyohashi", no feudo de Yoshida, Kyoto (Japão). O registro data de 1804 e era utilizado para caligrafia e pinturas ornamentais, sendo construído com cabo de bambu, virola de talo de pena e com pelos macios de animais.Há muitas informações sobre este uso, e diz-se que possuía uma variedade de formas e pontas. Foram considerados na época como verdadeiras jóias e guardavam-nos em suporte de metal nobre. Ainda hoje são utilizados como parte da arte tradicional do Japão.Das primeiras décadas do século XIX chega-nos a informação de que houve o uso de pinceis no formato chato, somando-se ao redondo já conhecido.Ainda no século XIX com o surgimento da máquina fotográfica os artistas buscaram um diferencial nas pinturas e combatiam esta concorrência tecnológica e visual com pinceladas expressivas. Ao mesmo tempo faziam uso de fotos como referência para suas pinturas.Este foi o fato motivador para o surgimento do que foi chamado de “A La Prima”, hoje conhecido como pintura gestual, e que referia-se à pintura em contato com a natureza.Este novo e moderno estilo exige maior intimidade do artista com suas ferramentas de trabalho: tintas, cores e o pincel.Com isto a pintura adquiriu velocidade e passava a representar em cada gesto o sentimento do artista, com sua visão da cor e das formas. A isto deu-se o nome de “Impressionismo”.Os artistas percebendo a importância do pincel como ferramenta de trabalho, passaram a criar seus próprios pinceis, adequando-os às suas pinceladas, identificando-os com seu próprio nome.Neste momento surgiram os fabricantes de pinceis em escala comercial.Esta fabricação era feita em sigilo e os conhecimentos técnicos preservados e repassados de geração a geração.Ao adentrarmos no século XX e o desenvolvimento do uso do petróleo como base de diversos materiais, criou-se os filamentos sintéticos para se explorar novos formatos nas pontas dos pinceis e cortes diferenciados dos mesmos. Em paralelo houve o desenvolvimento da tinta a base de água.Neste momento o pincel é uma ferramenta de trabalho com especificações técnicas de uso e manutenção, diferentemente do passado quando era um instrumento simples e seu uso carecia de habilidade. Possuem uma grande variedade de formas e possibilitam ampliar os recursos disponíveis para todo tipo de técnica que se deseje.Hoje são projetados para serem uma extensão da mão do artista e para tal possuem diversos tamanhos de cabo atendendo à distancia necessária até a superfície a ser pintada.Existem dois elementos a serem considerados na escolha do pincel, sendo o primeiro o formato, o qual define o traço e a pincelada desejada pelo artista, enquanto o segundo que é a composição da ponta (pêlos, cerdas ou filamentos sintéticos) que definem como se aplicará a tinta à superfície a ser pintada.Com a proliferação de institutos de preservação de espécies animais passou a haver um rígido controle e normas para obtenção dos pelos e cerdas de procedência de animais.

1.1.1. A Transformação da Ferramenta

Clive Bell define arte como “significant form”. A Arte é a expressão de nossos sentimentos, manifesta de diversas formas. O homem tradicionalmente utilizou de instrumentos existentes na natureza, ou confeccionados a partir desta como sendo seus utensílios, a extensão de suas mãos, com os quais transcende a imaginação e transporta para o físico algo novo.Por outro lado é conhecida a revolução que a tecnologia tem trazido à vida. Em poucos anos temos assistido uma transformação, a ponto das crianças atuais sequer conhecerem um videocassete, por exemplo.No mundo das artes temos os “puristas”, aqueles que não aceitam qualquer modificação na forma como têm atuado. Outros, entretanto, aceitam as modificações tecnológicas com imensa facilidade.O fato é que estas transformações que ocorrem no método, sempre estiveram em andamento, por mais que os “puristas” não o vejam. O incremento da tecnologia dos pincéis, por exemplo, tem proporcionado ao artista dispor de novos modelos de pincéis, que tornam o trabalho muito mais simples. Aquelas famosas “batidas“ realizado com um pincel simples para produzir as folhas e flores de um flamboyant, por exemplo, pode ser feito facilmente e em muito menos tempo e com muito mais realidade com um pincel leque, existente hoje.Os pigmentos utilizados para gerar as cores transformaram-se ao longo do tempo obtendo-se novas cores. Da mesma forma, o advento da fotografia trouxe um impacto positivo nas artes que passaram a apropriar-se deste novo método, conforme descrito no capitulo anterior.Ora, se esta transformação tecnológica ocorre nos instrumentos corriqueiros do artista, quanto mais não ocorrerá ou permitirá transpor a limitação física para um meio digital, o qual permitiria a total expressão dos sentimentos e assim realizar aquilo que os instrumentos atuais não o permitem?Certamente que sim. Ai está a pintura digital, a qual tem sido aplicada em muitos trabalhos, e que permite utilizar todos os instrumentos reais, paletas e todo o aparato existente de forma muito mais simples.É certo também, que o fato de disponibilizar às pessoas esta instrumentação não as torna artistas, pois há a necessidade do dom, sem o qual qualquer instrumento não consegue produzir algo de valor, digo, prevalece a alma, transformam-se os instrumentos.Entretanto, o uso da tecnologia permite que aqueles menos acostumados com os instrumentos de pintura, por exemplo, possam desfrutar de um momento artístico sem a necessidade de grandes conhecimentos e investimentos, despertando-os e incentivando-os à continuidade dos estudos artísticos. De igual modo lhes trás uma sensação de bem-estar ao verem suas idéias expressas.Esta arte digital agora pode ainda viajar grandes distâncias com facilidade, pois esta “pintura” pode ser enviada por email/internet a qualquer parte do mundo em instantes, e ali serem impressas para que muitos possam apreciá-la na sua integridade.Aliás, o transpor para a realidade algo produzido no computador é coisa que os alunos devem fazê-lo, para que possam experimentar a totalidade da sua experiência artística.Os livros que analisam o impacto das novas mídias na cultura contemporânea citam textualmente o inicio da computação. Nesta época haviam cartões perfurados para o programa e outros para os dados, e que agora, nas mídias mais modernas, há um único objeto em que se fundem os dados e como utilizá-los, ou seja, seus programas. Cita ainda que tudo que fizemos sobre este assunto até o momento são como que dados cegos, pois só podem ser utilizados ou vistos em equipamentos específicos, como por exemplo, um filme, um slide, em sentido geral todo o cinema, fotografia e artes.Hoje há o movimento de colocar todos os dados gerados em meio magnético, mas agregando a estes as informações semânticas necessárias para sua completa identificação e utilização. Inclusive, desejam agregar a terceira dimensão a estes dados, dando-lhes um sentido e forma real.Nesta esteira podemos citar os jogos de computadores, em que os personagens são todos modelados tridimensionalmente, se movem e falam por meio de software. É o caso mais emblemático desta utilização.Por outro lado, já existem inúmeras galerias de artes virtuais, mas estas ainda se comportam no formato antigo, e certamente irão evoluir para o novo conceito.Um exemplo deste movimento é a pintura digital, que incorpora à arte produzida no computador as informações semânticas primordiais ao novo processo midiático em implantação.De fato, devemos esgotar as possibilidades, pois lá encontraremos a verdadeira arte, como diz Georges Bataille sobre a vanguarda estética em sua obra teórica – “... ir em toda direção até o fim das possibilidades do mundo ...” (HABERMAS, 1985, p.267). 

"A nossa tarefa educativa principal é introduzir valores e motivações na vida cotidiana das pessoas, que constituam estímulos para o seu desenvolvimento espiritual. Assim como cultivamos o pensamento e o raciocínio, a capacidade de formular conceitos e de desenvolver idéias abstratas, precisamos aprender a usar nossa visão, nossa capacidade de ordenar experiências perceptuais e estimular a imaginação criadora. Se forem cultivados pensamento, sentimento, sensação e intuição, inerentes a todo ser humano, sua vida será mais rica e as formas dos produtos que venha a criar com as próprias mãos ou planejar para serem executados pela máquina, poderão adquirir qualidades de beleza. O homem deve aprender a ordenar suas percepções e afinar sua sensibilidade. Seria uma ironia a mais na história do homem se a automação, tão temida, viesse a provê-lo do tipo de liberdade que procura há tanto tempo. 0 valor da atividade artística é grande como meio de apreensão da realidade e progressiva estruturação de consciência e instrumento essencial para o desenvolvimento da consciência humana" (SOBREART, 1974, p.48).

 O presente trabalho limita-se aos efeitos da tecnologia aplicada aos pinceis e como isto afeta o aprendizado ou torna-o mais eficaz, não adentrando às demais transformações desta ferramenta, como a era digital acima definida. 

1.2.     A Composição do Pincel

Para que possamos nos aprofundar no tema de forma a chegarmos às conclusões necessárias, é preciso conhecer o nosso objeto de estudo, o pincel.O pincel é pouco descrito na literatura em geral, pois sempre foi colocado de lado e considerado de menor importância, enquanto a arte em si recebe toda a consideração e muito tem sido escrito e descrito sobre o assunto.Sendo assim, teremos que lançar mão de toda fonte de pesquisa, algumas muito antigas e disponíveis em bibliotecas públicas e pessoais, além de material eletrônico. Pois então que não salte aos olhos esta necessidade, haja vista o exposto acima, mas que possamos compilar todo este conhecimento e chegarmos às conclusões necessárias para as perguntas estabelecidas no escopo deste trabalho.O termo pincel refere-se a uma variedade de instrumentos manuais dotados de pêlos, cerdas, fios ou outros filamentos de qualquer material, naturais ou sintéticos, fixados na extremidade de um cabo próprio, usados manualmente para limpeza, escovação, pintura, maquiagem, fazer a barba, além dos mais diversos usos. Os pincéis de pintura são usados para a aplicação de tinta ou pintura artística. São produzidos usualmente pela fixação dos pêlos ao cabo por uma cinta metálica, a virola. Em informática, o termo Paint brush (pincel de pintura) refere-se ao seu equivalente digital, utilizado em qualquer programa de computador (software) gráfico, ou seja, um pincel virtual que pode modificar uma imagem digital.Então, podemos definir o pincel como sendo uma ferramenta técnica para pintura. De acordo com o formato obtêm-se resultados diferenciados na composição da arte. É usado para o transporte da tinta e definições das pinceladas. Permite registrar fielmente o traço em cada gesto da mão.Apesar de ser uma ferramenta modesta, sem esta invenção brilhante, seria impensável como poderiamos ter documentado a evolução cultural da humanidade.O artista alemão Anselm Feuerbach (1829-1880) disse - “Um coração sensível, um bom olho, uma mão habilidosa ... e o  melhor pincel” – com estas palavras ele definiu as três virtudes e a ferramenta que todo artista deve possuir.Assim, nada nos resta senão analisar as particularidades e virtudes desta ferramenta que é imprescindivel para o melhor dos artistas.

1.2.1. Partes do Pincel

Sempre imaginamos um pincel como algo muito simples, mas o processo de confecção do mesmo exige diversas etapas e diversos itens para compor um bom pincel. De igual modo, as cerdas exigem um preparo todo especial e na maioria das vezes artesanal para chegar ao melhor resultado.Um pincel é composto de:

  • a.     Cerdas, pêlos ou filamentos sintéticos;
  • b.    Virola, e
  • c.     Cabo.

Vamos analisar cada um destes itens com mais detalhes.

1.2.1.1.  CERDAS, PÊLOS OU FILAMENTOS SINTÉTICOS

Esta é a parte do pincel responsável por transportar a tinta ao objeto sendo pintado.O nome “Cerdas” se dá aos fios retirados de animais que se protegem com a banha e o próprio couro.A parte final das cerdas apresenta duas ou mais pontas, o que proporciona uma maior carga de tinta na pincelada. São fios bastante resistentes e com boa flexibilidade, indicados para pintura com tintas mais espessas, superfícies porosas e/ou rugosas, cobertura de fundos e outras atividades artísticas.Já os pêlos são fios retirados de animais que utilizam os pêlos para proteção do corpo das variações climáticas. Seu formato é alongado, flexível e com acabamento da ponta em cone. Dependendo da origem são extremamente macios e flexíveis, proporcionando pinceladas perfeitas em diversas superfícies. São indicados para vários tipos de tintas.Por outro lado, os filamentos sintéticos são produzidos com a semelhança dos pêlos de animais e são resistentes e de alta flexibilidade.Devido à sua composição, facilitam o processo de manufatura de formatos diferenciados. Adequados para vários tipos de pintura, promovem pinceladas especiais de acordo com o seu formato. São indicados para uso com tintas solúveis em água.Os pincéis para pintura são os de cerdas, os de pêlo e agora para beneficiar a natureza temos os pinceis mistos e os sintéticos que são uma inovação do mercado aproximando-se muito do pêlo.Os de cerdas tem por característica serem mais resistentes e carregam bastante tinta, pois cada cerda termina em diversas pontas, transportando mais tinta em cada recarga, tornando-o ideal para cobrir grandes áreas. Podem utilizar pêlos de porco não sendo aconselhados para detalhes de pintura.Os pêlos são para uma pintura mais delicada e precisa, os pêlos juntam-se naturalmente dando um resultado mais preciso no traçado, sendo um diferencial dos sintéticos que não se expandem em contato com a tinta. Os filamentos sintéticos são estudados com cortes próprios para cada tipo de pincelada, proporcionando precisão em todos os traços exigidos pelo artista, permitindo repetir a mesma pincelada quantas vezes for necessário, surgindo assim a pintura gestual.Os pêlos podem ser naturais -- qualquer cabelo macio ou cerda animal, como de porco ou marta – ou sintéticos, geralmente filamentos de nylon extrudado. Os pêlos naturais mais utilizados: marta Kolinsky (os mais caros e raros), marta vermelha, doninha, marta russa, orelha de porco, texugo, mangusto, quati, esquilo, orelha de boi, camelo, pônei (para pincéis escolares), de cabra (para pincéis baratos e de maquiagem) e crina de cavalo (somente para escovas).Os pêlos naturais normalmente são: 

  • a.     KOLINSKY (Kolinsky Sable)  - São pelos de Marta Kolinsky, pequenos animais silvestres encontrados em países de clima frio como a Sibéria e o Norte da Manchúria. Os pelos são retirados de suas caudas e possuem pontas longas, finíssimas, além de grande suavidade e resistência. O preço destes pelos, por grama, costumam ser mais altos que os preços do ouro, e variam de acordo com seu comprimento. Os pelos “curtos” tem aproximadamente 25mm, e os pelos “longos” 50mm (que chegam a custar até 6 vezes mais!). São considerados os pêlos mais raros e valiosos do mundo! Portanto os melhores.
  • b.    MARTA VERMELHA (Red Sable)  - São também pequenos animais encontrados em regiões de clima temperado. A mais comum e utilizada é a Marta Vermelha, mas há variações de Marta, a Doninha (Weasel), a Coreana (Korean) e a Chinesa (Chinese).  De suas caudas são extraídos pêlos suaves de cor avermelhada com pontas muito finas e de grande elasticidade (porém são pelos mais curtos que os Kolinsky). São também pêlos valiosos.
  • c.     MARTA RUSSA (Fitch) - Outra variação de Marta, a Iltis. Este nome descreve qualidades de pelos de Marta Russa, com uma capacidade de absorção de tinta muito boa, permitindo agrupar os pelos com excelente alinhamento. Normalmente usados na fabricação de pincéis artísticos e para decoração.
  • d.    IMITAÇÃO DE MARTA (Sabeline) - São pêlos de orelha de boi, selecionados e tratados, tingidos na cor dos pelos de marta. São finos e resistentes.
  • e.     TEXUGO (Badger) - Pelo bicolor (preto e cinza ou preto e bege) com formato cônico, sendo fino na base próximo a virola e mais bojudo nas pontas. O pelo de Texugo é mais usado em pincéis tipo “leque” ou pincéis “suavizadores” para pinturas especiais.
  • f.     MANGUSTO (Mongoose) - Os pêlos de Mangusto, um mamífero natural da Índia, oferecem as condições fundamentais para a confecção de pincéis artísticos com boa elasticidade e grande capacidade de retenção da tinta.
  • g.    ESQUILO (Squirrel ou Petit-Gris) - São pêlos extraídos das caudas de esquilo. A cor, o nome e a qualidade dos pêlos variam de acordo com o tipo de esquilo e quão fria é a região em que vive: Kazan (ou Marrom), Saccamina (ou Azul), Canadian (ou Dourado), Talahutky e o Cinza. Pêlos extra-suaves com pontas muito finas. Ideais para Aquarela.
  • h.     ORELHA DE BOI (Ox-ear)  - Pêlos provenientes de diversas raças de boi. Finos e resistentes.
  • i.      CAMELO (Camel)  - É a denominação tradicional, utilizada pela indústria de pincéis no mundo todo, para identificar os pelos suaves de Camelo (Camel). São apropriados para a pintura em vidro e porcelana.
  • j.      PÔNEI (Pony)  - Similar ao pelo de Camelo. São geralmente usados na fabricação de pincéis “escolares”.
  • k.     CABRA (Goat)  - Os pelos de Cabra (pretos e brancos) são muito usados na fabricação de pincéis mais baratos e pincéis para maquiagem.
  • l.      CERDA DE PORCO (Hog Bristle)  - As cerdas retiradas de porco são fortes, duráveis e flexíveis. Indicadas para tintas espessas como óleo e acrílica. Somente as cerdas de porco têm a terminação de cada fio subdividida em duas ou três pontas, característica que facilita a retenção de tinta no pincel.
  • m.   CERDA CHINESA (Chinese White Bristle)  - Idem às cerdas de porco acima, porém de animais provenientes da China, onde as condições do clima e a idade do abate dos animais fazem com que seus pelos sejam mais longos, sedosos e de melhor qualidade que os de porco tradicional. Normalmente são fervidas por duas horas e recebem um tratamento especial de branqueamento. Dando a possibilidade de pinceis específicos com os diferentes cortes encontrados nos pinceis de filamento sintetico.
  • n.     FILAMENTO SINTÉTICO (Synthetic Filament)  - Geralmente são pelos fabricados a partir de fibras sintéticas como o Nylon, a Poliamida e o Poliéster com filamentos finíssimos (0,10mm a 0,07mm). Eles existem em diversas cores e tonalidades (branco, marrom escuro, marrom claro, dourado, laranja e preto). Possuem características próprias podendo ser finos ou grossos, completamente lisos ou um tanto ásperos. Com pontas cônicas, elásticas e com maior resistência que os pelos de animais.
  • o.    CRINA DE CAVALO (Horse)  - Não são usados para fabricação de pincéis artísticos por serem muito rústicos. São usados para confecção de escovas. 

As fibras sintéticas normalmente utilizadas são:

  • a.     Toray branco ou dourado – ambos são ótimos para guache e aquarela. Aqueles com Toray dourado são ideais para trabalhar com tinta acrilica ou óleo com baixa viscosidade.
  • b.    Tame branco ou preto – sofisticação que leva ao nivel mais alto de resultado. É uma imitação perfeita da coloração do pêlo de Marta  natural.
  • c.     Takatsu – este filamento vem em três tons, iniciando numa “barriga”  amarelo escuro e terminando numa ponta fina e branca. Possui uma mistura de diâmetros, tornando-o ideal para pinturas a óleo, acrilica ou aquarela. Possui uma consistência intermediária entre o Toray e o Teijin.
  • d.    Teijin –a fibra é escura, com filamentos até 0,14mm de espessura e foi concebido para pintura acrílica ou óleo fina ou para pintura em algodão e seda. É altamente resistente ao thinner. A ponta arredondada com tamanho pequeno ou grande, permite a mesma precisão de controle dos pinceis de cerdas finas.
  • e.     Tadami – uma fibra especial que imita perfeitamente os pêlos dos suricatos. A maior parte da “barriga” é composta de uma parte estreita seguida de uma parte amarela, terminando em uma ponta escura. Uma maravilhosa peça de camuflagem e imitação do suricato. Possui uma resposta similar ao Teijin.
  • f.     Tekady – fibra de 0,20 mm, amarelo esbranquiçada. Certamente útil para pintura a óleo. 

Com estes pêlos ou fibras surge a parte mais importante do pincel que é o tufo. Este é fabricado manualmente por experientes artesões. Diferentes larguras e formatos são criados de acordo com as necessidades dos artistas.Estes tufos podem ser trabalhados para compor diferentes formatos de pinceis, o que levará a um resultado diferente no momento da pintura, exigindo uma técnica especifica de manuseio. Para que os fios não percam suas propriedades, estes são posicionados na geometria/formato desejado e a oura extremidade é prensada na virola e o excesso é cortado. 

1.2.1.2.  Virola

A virola é uma cinta metálica que prende as cerdas ao cabo, pode ser de alumínio polido, latão cromado, niquelado ou cobreado, cobre, níquel ou aço niquelado. A virola determina o formato e o tamanho do pincel. É a estrutura central do mesmo.

1.2.1.3.  Cabo

Pode ser curto, médio, longo ou extra longo. Dependendo da distância visual da pintura, o cabo deve ser escolhido para proporcionar conforto e precisão nas pinceladas. Os cabos curtos servem para aquarela, guache e nanquim quando o objeto a ser pintado está próximo. Os cabos longos destinam-se a tinta a óleo, afrescos e acrílica. Deve ser utilizado quando se deseja uma visão geral do trabalho ou quando o objeto está distante.Os cabos dos pincéis artísticos são feitos comumente de madeira, mas há os mais baratos, moldados em plástico. Muitos cabos fabricados em série são de madeira crua não-tratada; cabos de melhor qualidade obtêm-se com madeira de lei tratada.De qualquer modo, a madeira utilizada é selada e laqueada para impermeabilizar e dar brilho. Estas aplicações protegem contra sujeira e inchamento.Existem diversos materiais que podem ser utilizados para confeccionar o cabo do pincel. Estes podem ser de madeira, bambu, acrílico, plástico e outros materiais.Os cabos podem ter diferentes cores com a finalidade de facilitar a identificação dos mesmos.O cabo determina o equilíbrio e a estabilidade do pincel. Deve ser adequado à virola e ao volume de fios na ponta.

1.2.1.4.  Montagem do Pincel

O processo de fabricação de um pincel é todo feito manualmente, desde a seleção dos pelos até a montagem final.Primeiramente selecionam-se os fios desejados. Com estes formam-se os tufos no formato adequado, ou seja, com um corte reto, chanfrado, triangular ou outro desejado.Os tufos são presos na virola através de um processo de colagem, que permite a fixação dos pelos e seu uso adequado. A virola normalmente é prensada para conter o tufo de forma a que este não trabalhe ou mova-se durante o uso do pincel, o que o inutilizaria.Ao final deste longo processo que gira em torno de 12 operações manuais, obteremos um pincel pronto para uso do artista.Nenhuma máquina pode produzir um pincel de qualidade. Pode parecer paradoxal, mas a humanidade criou máquinas para explorar o espaço, mas não para construir pinceis. Então, nós dispomos somente de mãos habilidosas para isto, verdadeiras obras de arte. Portanto, construir um pincel é uma obra artesanal realizada somente por artesãos experientes.

1.2.2. Tipos de Pinceis

Os pinceis possuem os mais variados formatos, tamanhos, espessuras  e tipos. 

  • a)     Pincéis Para Pintura
  • O tamanho dos pincéis usados para pintura imobiliária é dado em milímetros (mm) ou polegadas (in), e se referem ao tamanho da cabeleira.
  • São tamanhos comuns:
  • ·         ⅛ in, ¼ in, ⅜ in, ½ in, ⅝ in, ¾ in, ⅞ in, 1 in, 1¼ in, 1½ in, 2 in, 2½ in, 3 in, 3½ in, 4 in.
  • ·         10 mm, 20 mm, 30 mm, 40 mm, 50 mm, 60 mm, 70 mm, 80 mm, 90 mm, 100 mm.
  • Os pêlos podem ser naturais ou sintéticos. Pêlos naturais são preferidos para pinturas a óleo e vernizes, enquanto que os sintéticos são melhores para tintas à base de água, pois as cerdas não se expandem quando umedecidas. Os cabos podem ser de madeira, plástico, acrílicos; as virolas são metálicas, geralmente de aço niquelado.
  • b)    Pincéis Artísticos
  • Têm tamanhos especificados por números, embora não haja padrão exato para suas dimensões físicas.
  • Do menor para o maior, estes tamanhos são:
  • ·         7/0 (também especificado como 0000000), 6/0, 5/0, 4/0, 000, 00, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 25, 26, 28, 30.
  • Os tamanhos 000 a 24 são os mais comuns.
  • Os pincéis artisticos estão disponíveis em uma grande variedade de tamanhos. Tanto a qualidade quanto o custo podem variar muito para estes.

1.2.3. Formatos

Os pinceis atualmente possuem uma ampla variedade de cortes em seus fios visando a facilidade de aplicação em determinada técnica.Estes formatos foram estudados de maneira que hoje temos pinceis com os seguintes cortes: chanfrado, redondo, leque, filet, reto longo e curto. Para se chegar a estes cortes houve um estudo de anos, verificando-se a necessidade do artista e visando uma maneira de facilitar o seu trabalho.Pincéis de pintura podem ter dois formatos básicos: o Redondo e o Chato.

1.2.3.1.  Redondo:

Os pêlos longos, arranjados de forma compacta deste tipo de pincel permitem reter mais tinta que outros pincéis de mesmo tamanho, mas formato diferente. Por isso muitos artistas preferem-no ao colorir grandes áreas. Alguns tipos:

  • a.     Redondo (Round)
  • b.    Redondo curto (Spotter)
  • c.     Redondo longo (Liner)
  • d.    Ponta chata (Showcard)
  • e.     Chanfrado (Striper)
  • f.     Pituá (Mop)
  • g.    Broxa ou Batedor (Stencil)
  • h.     Garfo (Pipe

1.2.3.2.  Chato:

Espalham melhor a tinta. Alguns tipos:

  • a.     Chato longo (Stroke)
  • b.    Chato curto (Short Bright)
  • c.     Quadrado (Bright)
  • d.    Plano (Flat)
  • e.     Língua de gato (Filbert)
  • f.     Chanfrado (Angular)
  • g.    Leque (Fan)
  • h.     Trincha (Paint brush)
  • i.      Trincha longa (Spalter)
  • j.      Pelenesa (Gilder's Tip)
Telma Luize

One comment on “PARTE 2: A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DAS TÉCNICAS DE MANUSEIO DOS DIFERENTES TIPOS DE PINCÉIS NA PINTURA ARTÍSTICA”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram