No início de ano, o que mais se lê são previsões. Algumas podem até ser bastante fantasiosas, mas a maioria é baseada em tendências e hábitos de consumo. Assim, me proponho – neste artigo – a analisar algumas delas e como irão afetar o comportamento do consumidor e do lojista, que deseja que mais e mais clientes venham ao seu estabelecimento comercial.
Observamos que tem havido um aumento significativo do uso de netbook, PDAs e de tablets. Tudo começou com o lançamento de notebooks menores para atender uma demanda do mercado. Paralelamente, ocorria o lançamento do iPhone, um misto de telefone e PDA. E todos saíram em busca de inovações que pudessem fazer frente ao lançamento da Apple. Quando o mercado já estava bem engajado, foi lançado o iPad. Um novo conceito de produto que criou todo o segmento dos tablets, que possuem uma série de vantagens: ligam e desligam com um simples toque, têm bateria de longa duração, são leves, podem ser conectados à internet e são simples de operar.
E com isso, os tablets estão ganhando o mundo. Se você abrir jornais e revistas especializadas, verá múltiplos novos usos para eles. Estão embutindo o produto em todo tipo de aparelho. Já vi fotos de uma chopeira somente com a torneira e um iPad conectado a ela, mostrando dados sobre o preço, quanto está sendo colocado no copo e qualidade do produto, entre outras coisas. Visualmente fica ótimo, tem interação com o cliente pelo toque. É um novo universo e uma nova forma de interagir com os dispositivos.
O fato é que todo mundo deseja ter um destes na mão ou usar uma nova aplicação para atrair seus clientes. Estes lançamentos de mercado estão, portanto, gerando mudanças profundas no comportamento do consumidor que, por sua vez, irão refletir no mercado de Automação Comercial, como veremos mais adiante.
Então, poderíamos dizer que, sem sombra de dúvidas, entramos na era Pós-PC. Afinal, não há mais razões para que um usuário doméstico comum utilize um PC, uma vez que pode fazer uso, de forma muito mais prática e móvel, de notebooks, netbooks e tablets. Até para entretenimento, é preferível ter um videogame moderno, como: Xbox 360 com Kinect, Wii e outros.
Nas empresas, provavelmente ainda teremos PC nas estações de trabalho dos desenvolvedores de aplicação, talvez nos call-centers e outras posições administrativas. Entretanto, com a mudança que foi introduzida por estas transformações na forma de uso dos computadores, talvez seja mais vantajoso utilizar outro tipo de produto. E o que vai acontecer quando os usuários domésticos não comprarem mais PCs? A indústria desses equipamentos irá sofrer e de acordo com a lei natural de mercado, os preços irão subir e as empresas que dependem do uso desses equipamentos para algumas funções, terão que buscar alternativas de menor custo para realizarem suas tarefas.
Esse é o caso da Automação Comercial no Brasil. Aqui é utilizado PC no Ponto-De-Venda (PDV), enquanto internacionalmente é bem diferente. Se observarmos em outros países, não veremos PCs no PDV, mas sim equipamentos desenvolvidos especificamente para esta função. Creio que o uso do PC no PDV, localmente, deve-se à alta carga de impostos, que tornava proibitivo o uso de equipamentos mais modernos e específicos.
Mas, com o aumento de custos que recairá sobre o PC, não restará alternativa senão migrar de solução. E isso é bastante crítico, pois todas as aplicações comerciais (PAF-ECF) aqui no Brasil são desenvolvidas com base nesse tipo de produto. O lojista / empresário terá que buscar uma opção que preserve seus investimentos já realizados.
Mas já há alternativa para isto. O mercado brasileiro dispõe de diversos fornecedores de produtos específicos para uso no PDV. Há inúmeras CPUs do tipo PC de tamanho reduzido e com todas as interfaces necessárias para a Automação Comercial, como por exemplo: ECF, Leitor de Código de Barras, Display de Cliente, etc.
Há outros produtos ainda mais modernos, denominados ALL-IN-ONE, que trazem CPU e vídeo integrados e, normalmente, com tela sensível ao toque, chamadas touch-screen, seguindo a tendência mundial. E, se as pessoas usam o toque num dispositivo pessoal, logo, estarão aptas e treinadas para utilizar um PDV touch-screen nas empresas. Isso levará a uma diminuição dos custos de treinamento nas funções de trabalho.
Com a popularização dos dispositivos pessoais do tipo PDA e tablet, haverá cada dia mais a necessidade de conexão à internet por rede sem fio. Pesquisas recentes, como a do NPD Group, mostram que as vendas de tablet somente com Wi-Fi estão aumentando, já alcançando o patamar de 65% do total de vendas. Os motivos para isso são vários e o principal é o custo.
Se juntarmos estes cenários e pensarmos em um restaurante, por exemplo, os clientes acostumados com estas tecnologias e que possuem um tablet com conexão Wi-Fi, certamente, gostariam de dispor de uma rede sem fio para conectar seus dispositivos enquanto conversam, para inclusive acessarem informações sobre seu time de futebol ou tirarem dúvidas de última hora. Os clientes deixarão de ir a locais nos quais não podem usufruir deste serviço, preferindo o mesmo tipo de comércio em que podem fazer uso de seus dispositivos sem fio, sem custo ou de maneira prática.
E isso abre um espaço também para os lojistas, que podem estender essa comodidade a sua equipe, provendo a tecnologia a seus garçons que podem utilizar um device móvel para mostrar o menu da casa e realizar a entrada de pedidos, tudo integrado ao PDV ALL-IN-ONE do caixa. E, para preservar investimentos nos sistemas PAF-ECF existentes, estes produtos podem todos rodar o sistema Windows, sendo o Windows 7 no caixa e o Windows 8 no tablet. Posteriormente, pode-se até unificar estes sistemas, mas, de qualquer forma, utiliza-se ao máximo os investimentos já realizados e se obtém o máximo de retorno da nova tecnologia.
Talvez isto tudo possa parecer um futuro distante para alguns, mas é assim que funciona um Tsunami, por exemplo. Quando em alto mar, parece apenas uma pequena marola, mas, quando chega a terra, toma proporções incríveis. O mercado está em transição e quem não estiver preparado poderá assustar-se e perder o cliente para o estabelecimento do lado, que aprendeu antes dele que o futuro está na ponta dos dedos.
* Luis Antonio Luize é especialista em tecnologia para o varejo da Bematech S/A
Artigo publicado na revista Dirigente Lojista de março/2012, páginas 22 e 23.